Como sempre, rigorosamente nos últimos anos, despertou. Com um relógio barato desses que se encontra nos mercados de rua, acordou para mais um dia.
Levantou-se.
Nada era supersticioso, não tinha aquelas manias de acordar, com o pé direito.
Vestiu-se, e saiu!
Raramente dava um oi pra o cachorro, que coitado, era mais carente que ele próprio.
Não tinha costume de fazer o dito necessário desjejum em casa.
E por isso sempre fazia, em um caféh perto de casa. Há anos
tinha essa rotina.
Mal entrará no caféh, e a atendente já sabia o que ele queria, sempre a mesma coisa...
.
.
_-_-_Não era muito feliz, ou melhor, não se sentia feliz. (por que afinal, pode ser melhor sentir-se do que ser de fato...)_-_-_
.
.
Tinha até ali uma vida medíocre, sem muitas emoções. Teve uma infância típica e normal, tinha família, com alguns problemas, irmãos, tios avós, primos. Nascido e criado em uma cidade grande, (onde vive até hoje), sempre teve vontade de mudar. Ele muito introspectivo, reservado, um homem tímido.
Tão logo a atendente o vê, já vai à contra mão ao atendimento que fazia, e corre a preparar o pedido costumeiro de seu cliente estranho. Era assim que todos no Caféh, atrás dos balcões, apelidaram aquele cliente. Mais rápido que o pedido, foi à entrega. Ele gostava muito de lá, apesar de hiper movimentado sempre no horário que ia, ainda sim a atendente sempre o atendera rápido, nunca esperava por muito o desjejum chegar...
-Bom dia Senhor!
Não responde apenas um olhar, parecido inclusive ao que a pouco havia lançado ao cachorro.
Hum... Esse cara, todas as manhãs, nunca responde a uma palavra de cordialidade, pelo menos sempre dá grandes gorjetas.
Café amargo era o que sempre pedia, e a única coisa que tomava pela manhã.
Ainda no Caféh, aquela manhã resolveu demorar-se um pouco, e ler ali mesmo o Jornal que normalmente comprava e levaria para o carro. Mas aquela manhã quebrou o protocolo e começou ali mesmo a leitura.
Um único olhar procurando a tendente, ela já sabia que ele queria mais um Café Amargo.
Aqui está Senhor, mais alguma coisa?
Não, obrigado...
.
.
Gostava mesmo dos classificados, odiava todos os outros, principalmente o de esportes, tal tema não gostava.
Ria, sempre ria ao passar as páginas do editorial.
Após a costumeira, vista nos classificados, pede a conta à atendente, repara nesta hora que era outra, que virá receber, diferente da já habitual, sendo assim, nada deu de gorjetas a esta.
.
.
Cruza a porta de vidro.Chega ao carro.
.
.
Olha rapidamente ao relógio da Praça, a grande praça que naquele horário, já estava movimentadissíma, isso o irritou, por minutos, ver uma multidão seguindo loucamente, e individualmente.
Naquela manhã já havia quebrado alguns protocolos, tomou dois cafés, leu os classificados, fora do carro, e era só o começo de mais um dia, decidiu ali, ao invés de pegar a Rua Herson onde deveria estacionar dar cordialmente um bom dia ao manobrista, ao porteiro, pegar o elevador, dar mais ‘’bom dia’’ a quem encontrasse no espaço, descer inicialmente no sétimo andar, dar mais ‘’bom dia’’ a quem encontrasse no corredor, até chegar a sua sala. Decidiu ali a poucos metros da Rua Herson, continuar, não sabia para onde, mas sabia que queria naquela manhã quebrar protocolos de sua vida!
.
.
Cruzando a Rua Herson com a Rua Guida Prado, deu um leve sorriso, sentiu ali uma sensação nova, única de liberdade.
Rua Guida Prado à frente, seguiu.
Passou por vários caféh’s, e logo pensou e sentiu vontade de experimentar novos sabores, ver novas xícaras, ficou perdido por minutos em pensamentos, quando parou em um sinal vermelho, normalmente não os respeitava, mas algo naquela rua havia o inspirado de certa forma.
Buzinas, algumas buzinas o despertaram a seguir. Parou num próximo caféh, que encontrou, um de fachada modesta.
.
.
A manhã era de quebra de protocolos, de rotina, de liberdade. O que ele há tempos não sabia ''Ser''!
Logo a atendente, Bom dia Sr. o que deseja?
-Bom dia! Traga-me um Café Amargo, por favor!...
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
6 comentários:
Quebrar protocolos é ariscado... Mas pode ser surpreendente e maravilhoso!!!
Beijos e belo conto!
Conseguir as vezes é difícil...mas, tentar nunca é demais!
Continuarei tentando...pra sempre.
Bjs Saudades Si
Quebrar os protocolos é a melhor forma de sair das rotinas criadas por si mesmo para coisas que você não precisa e nem gosta de fazer.
A vida não é uma receita de bolo.
abraços
t+
Eu estou precisando seguir alguns, acho que quebro protocolo demais rsrsrsrs
Muito bom texto.
Eu costumo dizer que o bom da rotina é poder quebrá-la.
Rotina foi feita para não ser seguida! Pode ter certeza disso. Beijos.
Postar um comentário